Selo digital

A Cafezinho  é também um selo digital.  Ele oferece serviços de consultoria, produção e gerência artística de projetos na área de música, além de viabilizar a distribuição digital dos conteúdos em parceria com a  ONErpm.

RAUL MISTURADA - TUDO COMEÇA QUANDO EXPLODE

As chaves dos finais e dos começos

Em “Tudo começa quando explode”, o cantor e compositor Raul Misturada reflete sobre origem e ocaso da vida, do amor e da criação, com sonoridade que equilibra tensão e beleza, violência e calmaria. O disco reúne parcerias suas com artistas como Vitor Ramil, Dulce Quental e Zeca Baleiro (que participa numa das faixas).

Leonardo Lichote

RAUL MISTURADA - EQUILIBRADAMENTE INSANO

Uma palavra amiga

Misturador Antropofágico

Complexo e rico caldeirão sensorial, com alta voltagem crítica e performática, antenadas com o pensamento não instrumental – “Agora só vale o que importa, todo e qualquer desvario vivido por nós, lascou.”(Lascou, parceria de Misturada/LeoBianchinni/Gregory Haertel) -  Equilibradamente Insano (Cobogó/Cafezinho Edições), do pernambucano Raul Misturada não é apenas mais um aglomerado de canções que chega às redações e lojas virtuais. O novo álbum de Misturada vem com a pretensão de tirar o mofo das palavras e arejar os ouvidos da mesmice ao buscar – ou pelo menos arriscar, o que é raridade - desconstruir a lógica que impera na linearidade preguiçosa e pobre da cultura oficial, enojado de um mundo repleto de simuladores de tudo, onde nada é o que parece ser (Simula dores, parceria de Misturada e Sandro Dorneles), “Para que ideias simulem o que não se pratica”. 

Sensorial, mais do que material e físico, quis Raul, por isso optou por fabricar centena de encartes comestíveis, feitos de papel de arroz, carimbados com a caligrafia de cada parceiro, para serem devorados pelos ouvintes e internautas durante a audição do disco. Como se ao fazer isso eles pudessem - não seria esse o gozo secreto de todo artista? – resignificar as imagens pré-fabricadas, agora incorporadas e a serviço do desejo manifesto crítico e contundente do artista Raul. Enfim, alguém veio salvar a pátria e regurgitar a sociedade de consumo, a irracionalidade alienada e apolítica dos hits parades, a obscuridade travestida de modernidade tecnológica, e toda a violência real e simbólica que advêm com ela. Através de imagens bem humoradas, ironias sem vergonha, paradoxos inventivos, melodias mântricas, ruídos e risos e pequenos barulhinhos, Misturada e seus parceiros desconstroem a linguagem banalizada do senso comum clamando, acima de tudo, por mudanças urgentes no nosso modo de pensar, ouvir e ver o mundo, avançando além do bom gosto, da obediência servil, e fazendo valer o poder das palavras e das ações. O resultado final não poderia ser menos do que uma simbiose perfeita entre som e sentido, melodia e letra, ruídos e ideias que se interconectam num misturador antropofágico, fazendo valer a máxima tropicalista de devorar toda e qualquer referência de alta e baixa cultura e vomitar de volta num liquidificador, temas como transexualidade, sociedade de consumo, exclusão social, hipocrisia burguesa, esgarçando conceitos e clichês de sanidade e loucura, enfim, a dor do outro, compartilhada através de desejos de mudança – Ou seja, a tal insanidade equilibrada sugerida por Misturada/Haertel é possível. No entanto é preciso ser implacável com a banalidade do mal, contundente com a tentação de agradar os outros, e principalmente honesto para aceitar o desafio.  Afinal, como diz a letra de Cartilha (Misturada/Haertel), “Se alguém entende essa cartilha ou está louco, ou mente muito”.              

EQUILIBRADAMENTE INSANO - Raul Misturada (2017)

PALAVRA ALADA 1 - Rodrigo Lessa (2019)

OKKA

Salve Fronteira! OKKA feat Orquestra Mundana Refugi

A linha de fronteira se rompeu

No próximo dia 14/02, sexta-feira, a OKKA disponibiliza em todas as plataformas digitais o seu novo single “Fronteira”. A faixa, canção inédita de Raul Misturada e César Lacerda, é o segundo single lançado pela banda; novo projeto de Dandara, Jota Erre, Paulo Monarco e Raul Misturada. 

Com participação especial da Orquestra Mundana Refugi, “Fronteira” reflete sobre um dos maiores e mais trágicos problemas sociais e climáticos hoje na humanidade. “A partir de 2011, cerca de 1 milhão de refugiados sírios foram despejados na Europa por uma guerra civil inflamada pela mudança climática e pela seca. (...) A provável inundação de Bangladesh ameaça decuplicar,  se não mais, a quantidade de migrantes, a ser assimilada por um mundo ainda mais desestabilizado pelo caos climático - e, desconfio, tanto menos receptivo quanto mais escura for a pele dos necessitados.” descreve David Wallace-Wells em seu “A Terra Inabitável”. 

O single vem na sequência de “#tbt”, primeira canção lançada pela OKKA no final de 2019. No grupo, todos os integrantes têm as suas carreiras solo, e cada um vive em um canto do mundo, o que faz de “Fronteira” não apenas uma reflexão brutal sobre o mundo hoje, mas também um manifesto pessoal, relato carregado de uma dramática realidade.  Cesar Lacerda

A POLIFONIA DE UMA VOZ COLETIVA

Uma palavra amiga

                                                                                                                                         Por Dulce Quental

A polifonia de uma voz coletiva. Talvez seja essa a nossa única saída. Porque não há mundo fora da política quando parte da população mundial de humanos é obrigada a viver sob um estado de exceção em áreas de confinamento, e nós aqui do outro lado. É desse lugar e inquietação que nasce a OKKA de Dandara, Jota Erre, Paulo Monarco e Raul Misturada, grupo de novíssimos artistas engendrados numa época em que o individualismo chegou ao extremo, onde nos tornamos exploradores de nós mesmos. Chegam para nos lembrar que nem tudo está dominado no interior do corpo desse nosso Transbrasil. Existe um novo sujeito e ele não veio do nada. Cresceu na estrada onde acontecem os bons encontros, em festivais da canção do Paraná ao Tocantins, aterrizando em residências artísticas na Suíça, Galícia, Portugal; fronteiras para onde a OKKA nos leva em barcos que saltaremos antes de afundar?  

O AMOR É DE RESISTIR

 

Se deixo de esperar – des-espero - só posso viver agora, saltar para cima, abrir minhas asas como Ícaro alçando voo sobre a mediocridade da nossa esperança tão sincera e impotente. Porque não viver o presente é estar sempre à espera de um futuro que nunca virá pois nunca é. A vida é agora e escorre frágil pelas nossas mãos. O amor está indo embora e ninguém vai nos dar notícias de nós mesmos.